NELSON MAGRINI
SETEMBRO
2012
Nelson Marini é engenheiro Mecânico, estudioso e
pesquisador em Física, com ênfase em Mecânica Quântica e Cosmologia. Professor
e consultor em Gestão Empresarial e Cadeia Logística, é autor de vários livros
de Literatura Fantástica.
Fontes da Ficção – Nelson, primeiramente, agradeço por
nos conceder esta entrevista e começo pedindo para que fala um pouco do início
de sua carreira como escritor.
Nelson Magrini – Eu que agradeço a oportunidade,
Hoffmann, de estar aqui, no novo Fontes da Ficção.
Minha carreira de escrito começou no
ano 2000, porque eu procurava uma segunda atividade, uma vez que Consultoria de
Negócios andava, na época, em baixa. Todavia, eu queria algo que nada tivesse a
ver com minha atividade anterior e, principalmente, que eu gostasse e já
soubesse fazer, ou seja, não queria investir em capacitação. Escrever veio de
estalo, em uma madrugada. No dia seguinte, rabisquei alguns “pedaços de texto”,
o maior com meia página, para ver se aquilo que eu escrevia parecia com trechos
de um livro. Em seguida, criei alguns personagens centrais, que se tornaram
conhecidos em Os Guardiões do Tempo, e parti para escrever meu primeiro
romance, ainda inédito e que traz esses mesmos personagens. Aliás, sequer me
passou pela cabeça em iniciar por contos. Desde o princípio, eu sabia que seria
um escritor de livros, exatamente como aqueles que eu devorava desde há muito.
Pessoalmente, nunca me senti atraído por contos, embora com o tempo, cheguei a
escrever e publicar alguns.
Fontes da Ficção – Bem, vamos às perguntas de praxe:
Quais são suas principais influências literárias?
Nelson Magrini – Desde cedo, mesmo antes de saber
ler, comecei com HQs, as quais eu pedia para minha mãe ou avó lerem para mim.
Eu viajava no mundo dos Super-Heróis. Também nessa época, tornei-me fascinado
pelo Universo, o que me levaria, anos depois, à minha paixão por Física. Nesse
sentido, a Ficção-Científica foi o passo seguinte natural, e o primeiro livro
que li foi de Isaac Asimov, uma edição de bolso, da Coleção Argonauta, de
Portugal, de The Naked Sun, lá nomeado de Ameaça do Robots. Asimov, juntamente
com Arthur Clarke e um sem fim de outros autores passaram a fazer parte do meu
dia a dia, a ponto de eu fechar um livro e abrir outro em seguida.
Alguns anos depois, me interessei pelo
Terror, aliás, aqui no Brasil, até a uns 10 anos atrás, toda literatura que
continha elementos de suspense e mistério, e que envolvesse algo de
sobrenatural, era chamado de Terror. E como não poderia deixar de ser, minhas
maiores influências no tema são Stephen King e Dean R. Koontz. Contudo, como já
li tantas coisas, é bem possível que deixei passar alguém.
Fontes da Ficção - Do seu primeiro livro publicado (Anjo, A Face do Mal)
até o mais recente (Ceifadores - Anjo A Face do Mal II), quais
foram as principais mudanças que você pôde perceber no escritor Nelson Magrini
e na Literatura Fantástica como um todo?
Nelson Magrini – Bom, em mim, foi principalmente em
minha escrita, que amadureceu e melhorou muito. Português em nada difere de
outras matérias, ou seja, quanto mais você exercitar, mais se aprimorará.
Também tenho sentido vontade de experimentar outras possibilidades, como
explorar o mistério, suspense e mesmo terror sem elementos sobrenaturais. Em
Ceifadores – Anjo a face do mal II eu já exploro o mal humano, encarnado em um
assassino serial. Gostei muito do resultado, misturando-o ao horror
sobrenatural de anjos e demônios, e por tudo que já me escreveram, os leitores
também gostaram. Nesse sentido, penso que minhas tramas também amadureceram e
se tornaram mais adultas.
Em relação à Literatura Fantástica,
houve um incremento significativo no Brasil, com o surgimento de muitos autores
novos, alguns dos quais já até fizeram carreira nesses anos e são reconhecidos
do público. Quanto ao mundo, nem é preciso comentar; a Literatura Fantástica é
parte integrante do imaginário popular e conta com milhões de leitores no mundo
inteiro.
Fontes da Ficção – Nelson, em Anjo, A Face do Mal,
nota-se um texto voltado para uma reflexão, em Relâmpagos de Sangue,
para o mistério e suspense, no conto Isabela, de Amor Vampiro,
racionalidade – adorei sua explicação sobre o efeito da luz da lua -, e em Os
Guardiões do Tempo, ficção científica teen. Você em algum estilo
literário favorito? Qual?
Nelson Magrini – O meu favorito, e que considero o
meu estilo, é mistério, suspense e terror. Em todos os livros citados, há
elementos desse trio, inclusive em Os Guardiões do Tempo que, apesar de ser uma
leitura mais light, com muita aventura e humor, está repleta de mistério e
suspense, trazendo, inclusive, uma pitada de terror na medida certa para esse
tipo de livro. É com tais elementos que gosto de trabalhar, que me sinto à
vontade, e o que varia é a intensidade com que eles são enfocados nas tramas.
Nesse sentido, Relâmpagos de Sangue é considerado, por meus leitores, como um
livro extremamente assustador, a ponto de muitas pessoas me relatarem não terem
conseguido dormir depois de lê-lo, o que, para mim, é uma satisfação.
Você citou que ANJO A Face do Mal traz
um texto para reflexão, e isso é verdade. Contudo, todos os meus textos trazem
passagens que levam o leitor a pensar, questionar alguma coisa. Esse é outro
ponto que gosto de fazer, desde que, é claro, tais questionamentos e reflexões
estejam dentro do contexto da trama, pois acima de qualquer coisa, meus livros
são feitos para entreter e divertir, para que os leitores possam, por algum
tempo, se desligar do dia a dia e viver algo diferente, exercitar a imaginação
e, se possível, sentirem todo medo, angustia e paixões dos personagens. O resto
é consequência.