domingo, 24 de março de 2013

PERFIL DO AUTOR - CONTO - Eduardo Spohr


O ULTIMO ANJO
 


"E Deus disse: Eis que Adão se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal; agora, pois, expulsemo-lo do Paraíso, para que não suceda que ele estenda sua mão, e tome também a árvore da vida, e coma, e viva eternamente"
(Gênesis 3-20)

A Primeira coisa que vocês precisam saber a meu respeito é que eu já fui um anjo. Já fui – passado. Nada a ver com aqueles garotos gordinhos e com asas da arquitetura barroca. Ou mesmo os maravilhosos seres de luz descritos no Antigo Testamento. Os anjos são diferentes. Embora dotados de poderes extraordinários, esses mensageiros alados nem sempre carregam a Palavra de Deus. O meu caso é diferente. Eu era um deles, um anjo; e bastante poderoso. Eu tinha toda uma legião de Querubins sob meu controle. Tinha um lugar junto aos servos de Deus, um trono e uma moradia no Paraíso. Durante muito tempo eu acreditava estar fazendo a vontade de Deus, acreditava estar seguindo a Palavra. E então, eu descobri que a Palavra estava sendo corrompida, e usada para justificar a vontade de poucos. Então eu me rebelei. O que vou contar adiante é a minha história, a minha luta. Ela é dedicada à memória de todos aqueles que acreditaram, assim como eu, que poderiam resgatar o verdadeiro sentido da Palavra de Deus, que poderiam resgatar o simples valor da Justiça. Para todos esses.
Que Deus os tenha.
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Antes que eu inicie aqui esta humilde narrativa, permita, leitor, que eu me apresente. Na língua moderna, ou naquela que permite que a vós se faça a compreensão, o meu nome seria Ablon. Talvez não exatamente, em virtude das mudanças lingüísticas que a sua espécie costuma impor através dos séculos.
Confesso que é para mim motivo de grande curiosidade saber como esses escritos chegaram a vossas mãos, quais foram as circunstâncias e em que época. Há carros voadores? O homem já dominou a viagem intergalática? Trata-se de um futuro longínquo a quem estou escrevendo ou de um futuro próximo marcado pela economia de consumo e pela geração video-game? Provavelmente eu nunca encontrarei essas respostas, mas isso não me preocupa, afinal há inúmeras perguntas sem respostas mesmo para alguém como eu. Quanto mais se vive e quanto mais se encontra respostas, mais elas se multiplicam em mais perguntas, culminando em um abismo sem fim. A literatura moderna tem apelado para os romances fantásticos de forma tão espetacular nos últimos tempos que me camufla de maneira perfeita. Assim, esses escritos podem alterar sua inocente visão da realidade. Caso isso ocorra de maneira a causar algum dano, não se preocupe. Considere isso como uma obra de ficção.
Agora vamos falar um pouco de mim. Escrevo aqui no final do século XX, o que me concede dois milhões, não, dois milhões, sete mil e trezentos e quatro anos... eu posso estar errado em algumas décadas. A minha espécie foi criada para auxiliar o trabalho do Senhor. Fomos conhecidos por uma centena de nomes em diversas culturas, dentre eles: anjos, arcanjos, querubins, serafins e outros. Nada disso tem alguma importância. O fato é que nós realmente sabemos a verdade em relação a Deus e nem tudo que se diz Dele corresponde exatamente à verdade. A nossa casta foi fragmentada e hoje muitas entidades lutam entre si.
Durante muitos séculos nós estivemos sozinhos na terra. O Paraíso era habitado apenas por animais e o Espírito de Deus corria sobre as águas. Uma determinada espécie de animais evoluiu de forma a se igualar à nossa capacidade de raciocínio, e Deus resolveu conceder-lhe uma alma dando vida a Adão e Eva. Alguns conselheiros do Senhor, ou seja, alguns de nós, não admitiam o fato da concessão da alma divina a simples animais, porém decidiram não questioná-Lo, como forma de obediência. Acharam que seria mais interessante se usassem isso em seu favor.
Os que mais odiavam os homens constituíam a alta cúpula do conselho. Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel e os grandes. E dentre eles estava Lúcifer. Os grandes começaram a promover um castigo em massa aos humanos, e a matar em nome de Deus.
Eu me lembro muito bem. O conselho era presidido por Miguel e ele tomava todas as decisões. O Senhor nunca se via presente, embora a sua força se fizesse sentir em todo lugar. Nenhum de nós jamais viu a face Dele. Miguel se achava o todo poderoso. Levava à tona suas vontades, justificando como a vontade Dele. A vontade Dele... Destruir vilas inteiras povoadas por mulheres e crianças inocentes? Não, essa não era a Sua vontade e sim a de quem impunha a Palavra.
Então, decididos a eliminar de vez os humanos, os arcanjos arquitetaram o dilúvio. A maioria de nós foi contra. Você tem idéia de quantas pessoas inocentes foram castigadas no dilúvio? E depois veio Sodoma, quando eclodiu a revolta no conselho. Muitos de nós já estávamos fartos daquelas atrocidades, mas Miguel era muito poderoso para ser questionado. Ele era o emissário do Senhor, mas Este nunca se pronunciava pessoalmente. Quando a Palavra era questionada, Rafael sempre levantava a questão: então quem criou todos nós? Por acaso ousa contestar o Senhor? E todos se calavam.
Quando a revolta eclodiu, muitos foram banidos, inclusive eu. Alguns, como Lúcifer, se aproveitaram da rebelião para conseguir poder e foram devidamente punidos e condenados ao abismo para sempre, na forma destorcida de demônios. Outros, como eu, foram expulsos do Paraíso e condenados a vagar pela terra.
Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje. O conselho havia se reunido. Eu e mais dezessete companheiros, que não se conformavam com a chacina promovida pelos arcanjos superiores, organizamos uma resistência secreta. Secreta porque sabíamos que qualquer questionamento às ordens Dele era passível de punição severa. Conseguimos apoio de alguns grandes, inclusive de Lúcifer. Dos duzentos e cinqüenta anjos, apenas dezoito participaram da resistência. Alguns apoiavam, outros repugnavam, mas a maioria permanecia indiferente. Eles tinham medo das conseqüências, eu não. Bando de covardes!

quarta-feira, 13 de março de 2013

OZ - Mágico e Poderoso




 Diferente do que possa levar a pensar, Oz: Mágico e Poderoso não é uma sequência de O Mágico de Oz, nem sequer um remake, mas sim um preview. A história se passa antes daquela onde Dorothy, Totó, o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata passeiam pela estrada de tijolos amarelos.
O Mágico de Oz é um filme adorado e venerado até hoje. Adultos e crianças assistem e reassistem ao filme.  Diante disso, o diretor Sam Raimi teve a ideia de nos apresentar uma explicação de como o Mágico de Oz se tornou “O Mágico de Oz”
No início da década de 1900, Oscar (James Franco) é um mágico canastrão de um circo falido que está passando pelo Kansas. Mulherengo e fugindo de um marido traído, o mágico acaba sendo levado com seu balão para o mundo fantástico de Oz. Ali conhece Theodora (Mila Kunis) que se apresenta como uma bruxa boa e se apaixona por ele. A bruxa o leva para conhecer sua irmã, Evanora (Rachel Weisz. Ambas acreditam que ele é o mágico das profecias que salvará a terra das maldades da bruxa má Glinda (Michelle Williams). A trama se desenvolve e novos personagens aparecem. Destaque especial para o macaquinho voador Finley e a pequenina menina de porcelana, que roubam a cena em vários momentos.
Outro fato interessante é o de que os autores “duplicam” suas atuações entre o Kansas (mundo real) e Oz. Michelle Williams é uma suposta namorada do mágico do circo, mas também é a bruxa Glinda em Oz. Zack Braff é o assistente de palco que em Oz é o macaquinho voador, seu ajudante. Joey King é uma menina deficiente que pede que o mágico a faça voltar a andar e na terra mágica é a boneca de porcelana encontrada com as pernas quebradas e consertadas pelo mágico. Isso já aconteceu em O Mágico de Oz, onde atores estavam presentes no Kansas e em Oz, duplicando seus papeis em formatos diferentes. Podemos pensar então que Oz é uma terra de sonhos onde pessoas assumem outras “formas”, mas mantêm sua personalidade e essência.
Contudo, o mais importante no meu ponto de vista é atentar para como o filme se comunica com o clássico, construindo o mito do Mágico, que será explorado na película rodada anteriormente. Tudo leva ao ápice que prepara o ambiente para que O Mágico de Oz aconteça, deixando o terreno pronto para que Dorothy visite a terra mágica. Uma história ágil, com efeitos espetaculares, que se torna vibrante e divertida. Grata surpresa nesse período que a moda é recontar contos de fábulas com o mínimo ou nenhuma qualidade. Recomendado.

Resenhado por: L. H. Hoffmann

sábado, 9 de março de 2013

PERFIL DO AUTOR - ENTREVISTA - Eduardo Spohr



Março 2013
EDUARDO SPOHR
 
Eduardo Spohr trabalhou os primeiros anos da década de 2000 como repórter, analista de conteúdo do portal iBest e editor do portal Click21. Foi colaborador do blog Jovem Nerd, onde  participou do podcast Nerdcast, publicou A Batalha do Apocalipse na Nerdstore, loja virtual do Blog, pelo selo Nerd Books. Nessa época, sem editora, o livro chegou a vender mais de quatro mil exemplares. Em junho de 2010, o Grupo Editorial Record publicou seu livro pelo selo Verus, vendendo, até dezembro do mesmo ano, 50 mil cópias. Atualmente está lançando um novo volume da série Filhos do Éden, também pelo selo Verus.
  
Fontes da Ficção – Eduardo, primeiramente, agradeço por nos conceder esta entrevista e começo pedindo para que fala um pouco do início de sua carreira como escritor.
 Eduardo Spohr – Imagina, eu é que agradeço pelo espaço. Espero que os leitores curtam este artigo.  Acho que todos os escritores já nasceram com essa vontade de escrever, ou de contar histórias, que seja. Comigo não foi diferente. Sempre curti escrever contos, depois veio o RPG, e finalmente em 2002 comecei a escrever meu primeiro romance. É algo que, imagino, sempre esteve comigo.

Fontes da Ficção – Bem, vamos às perguntas de praxe: Quais são suas principais influências literárias?
 Eduardo Spohr São tantas... mas gosto sempre de citar as três principais: Stephen King, José Louzeiro e James Clavell.

Fontes da Ficção - Do seu primeiro livro publicado (A Batalha do Apocalipse) até o mais recente (Filhos de Éden – Anjos da Morte), quais foram as principais mudanças que você pôde perceber no escritor Eduardo Spohr e na Literatura Fantástica como um todo?
 Eduardo Spohr O que muda sem dúvida é que agora existe uma responsabilidade maior. Há pessoas que com certeza lerão o que eu vou escrever, então é minha obrigação fazer sempre o melhor para não decepcioná-las. Quanto à literatura fantástica, penso que está crescendo no Brasil, e isso é excelente. Espero que o gênero continue caminhando adiante.

Fontes da Ficção – Eduardo, em A Batalha do Apocalipse, nota-se um texto voltado para a aventura, com um grande mergulho na mitologia angelical e de diversas culturas e, em Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântica, você continua com o mesmo tema (Anjos). Na sua opinião, um escritor de Literatura Fantástica que deseja ter suas obras lidas, em algum momento terá que escrever sobre temas diversos, ou pode ter sucesso escrevendo somente sobre um assunto? Você se considera um escritor de Anjos? Você tem algum estilo literário favorito? Qual?
 Eduardo Spohr O que eu acho é que o sucesso deve ser sempre a conseqüência do trabalho, e não o contrário. Então, não vejo uma receita de bolo neste caso, e em geral o que eu costumo dizer é que as pessoas devem se focar em escrever sobre os assuntos que elas gostem, sem se preocupar se a obra fará sucesso ou não. Pessoalmente, como leitor, eu curto obras mais fantásticas, como terror, ficção-cientifica, fantasia e romances históricos. Mas também aprecio um bom drama.

sábado, 2 de março de 2013

PERFIL DO AUTOR - Eduardo Spohr



MARÇO/2013
EDUARDO SPOHR
             Eduardo Spohr é filho de um piloto de aviões e de uma comissária de bordo, tendo a chance de viajar para vários países ainda na infância. Seu contato com diversas culturas e a iminência de conflitos na Guerra Fria durante sua juventude, o motivaram a escrever sobre o fim do mundo e religião. Jornalista, escritor, professor, blogueiro e podcaster brasileiro, estudou Comunicação Social. Dedicou-se à Publicidade, se voltando, mais tarde, para a sua profissão preferida:  jornalista. Trabalhou os primeiros anos da década de 2000 como repórter, analista de conteúdo do portal iBest e editor do portal Click21. Atualmente participa do podcast Nerdcast, do blog Jovem Nerd.
            Seu primeiro livro, A Batalha do Apocalipse, foi originalmente publicado na Nerdstore, loja virtual do Jovem Nerd, pelo selo Nerd Books, por meio da qual vendeu mais de quatro mil exemplares, ainda sem amparo de editoras.  Em junho de 2010, o Grupo Editorial Record publicou A Batalha do Apocalipse pelo selo Verus, vendendo, até dezembro do mesmo ano, 50 mil cópias. Atualmente, o romance já ultrapassa a marca de 360 mil exemplares comercializados
 BIBLIOGRAFIA
Eduardo Spohr possui a seguinte bibliografia:
Ficção
A Batalha do Apocalipse (2010)
Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida (2011)
Protocolo Bluehand – Alienígenas (2011)
Filhos do Éden – Anjos da Morte (2013)

Capas de alguns Livros