segunda-feira, 5 de novembro de 2012

PERFIL DO AUTOR - ENTREVISTA - J. Modesto



OUTUBRO 2012 
J. MODESTO



J. Modesto é Arquiteto e Urbanista, fã ardoroso de Histórias em Quadrinhos (HQs), cinema e amante dos livros, iniciou sua carreira literária em 2006 e não mais parou. É autor de livros de Literatura Fantástica, sempre com um toque do Brasil, e participante de várias coletâneas, dentre as quais se destaca a AMOR VAMPIRO.

Fontes da Ficção – Modesto, primeiramente, agradeço por nos conceder esta entrevista e começo pedindo para que fala um pouco do início de sua carreira como escritor.
J. Modesto – É eu que agradeço a oportunidade que o Fontes da Ficção está me dando de falar um pouco do meu trabalho como autor. Minha fascinação pela escrita começou na adolescência, época que era um grande devorador de Gibis e livros da Agatha Christie. Foi nesse período que escrevi vários contos misturando Super-Heróis, mistério e suspense. Um dos personagens do meu primeiro livro, TREVAS, foi criado durante essa fase. Posteriormente, fui apresentado as obras de H. P. Lovecraft, mergulhando no mundo do Terror, de onde não mais saí. Contudo, apesar da criação literária abundante, era muito tímido e avergonhado para mostrar meus textos. Contudo, uma colega de trabalho que também escrevia leu e me incentivou a publicar. Criando coragem, procurei uma editora e meu primeiro romance foi publicado em 2006. De lá pra cá, já foram três obras solo e 2 participações em coletâneas. Neste ano deve sair mais duas coletâneas com minha participação e tenho outros cinco originais prontos para analise pelo meu editor, visando a próxima publicação de um livro solo para o segundo semestre de 2013.

Fontes da Ficção – Bem, vamos às perguntas de praxe: Quais são suas principais influências literárias?
J. Modesto – As duas mais fortes são sem dúvida as HQs e o Cinema, mas sofri muitas outras influencias na área literária, pois desde cedo fui um leitor ávido. H. P. Lovecraft foi uma influencia marcante em minha decisão de enveredar pelo Terror. Mas também bebi de fontes como Stephen King, Anne Rice, Edgard Alan Poe e André Vianco, dentre outros.

Fontes da Ficção - Do seu primeiro livro publicado (Trevas) até o mais recente (Vampiro de Schopenhauer), quais foram as principais mudanças que você pôde perceber no escritor J. Modesto e na Literatura Fantástica como um todo?
J. Modesto – Pergunta complexa. Deixe-me pensar um pouco... Bem, em mim, creio que o que vem melhorando é a escrita, algo natural, uma vez que tal qual qualquer outra coisa, quanto mais se usa, maior experiencia e qualidade se adquire. Meu vocabulário, conhecimento de gramatica e ortografia, bem como forma de estruturar os textos vem se aperfeiçoando constantemente. Meu estilo de escrita também vem evoluindo, mas sem perder minhas características.

Com relação a Literatura Fantástica como um todo, fica evidente para mim que ela se consolidou no gosto de uma parcela dos leitores, em especial no exterior. No Brasil, nota-se um incremento significativo, com o surgimento de muitos autores novos, mas deve-se tomar o cuida com a qualidade das obras produzidas. Tal qual os livros editados no exterior, temos muita coisa boa, mas muita coisa ruim, também. A diferença vivida pela Literatura Fantástica Nacional é o preconceito sem fundamento contra o que é nacional.

Fontes da Ficção – Modesto, em Trevas, nota-se um texto voltado mais para a aventura, em Anhangá, apesar de também ter um toque de aventura, você se concentrou em explorar nosso folclore e, agora, em Vampiro de Schopenhauer, você se enveredou pelo realismo fantástico.. Você tem algum estilo literário favorito? Qual?
J. Modesto– Na verdade em gosto de trabalhar o texto de forma que o leitor sinta que tudo aquilo pode ou está acontecendo no seu cotidiano e para isso utilizo-me de fatos ou passagens históricas que realmente aconteceram. Bem como nome de ruas e lugares que existem ou existiram. Em TREVAS, conto um pouco da história de Vlad Tepes, o herói romeno que Bram Stoker supostamente se baseou para criar seu famoso Drácula. Vlad Tepes existiu realmente. Em Anhangá, temos a participação de José de Anchieta nos primeiros dias após a fundação de São Paulo de Piratininga e agora em VAMPIRO DE SCHOPENHAUER, exploro um pouco da vida e do pensamento do famoso filósofo alemão Arthur Schopenhauer, em seus últimos dias de vida. Pelo que me lembro, Realismo Fantástico é dado pela relação entre o real e o imaginário, fundindo-se ao ponto do leitor não conseguir por diversas vezes vislumbrar a linha que separa o real do ficcional e isso é uma coisa que me agrada. Gosto também que utilizar uma técnica chamada de “suspensão”. Essa técnica consiste em mudar de cena quando esta está no seu ápice e retomá-la mais a frente. Acho que meu estilo literário é o resultado basicamente dessas duas vertentes.

Fontes da Ficção – O que você acha do cenário literário brasileiro no geral?
J. Modesto– Se compararmos com o resto do mundo, nosso cenário literário é deprimente, mas se considerarmos a evolução por que a literatura nacional está passando, em especial a Literatura Fantástica, vejo esperança no horizonte. Temos uma sementinha que foi plantada e que germinará. Agora, se essa árvore dará bons frutos vai depender dos cuidados que irá receber daqui pra frente. Os jovens tem que ser incentivados no seu hábito de leitura, o autor nacional precisa ser valorizado, combatendo o preconceito de que tudo que é nacional é ruim. Maior intercambio entre as áreas e profissionais envolvidos, tais como autores, editores, professores, revisores, capistas, distribuidores, revendedores, livreiros e, principalmente, o leitor. Sem isso, os frutos demorarão a serem produzidos e certamente muitos perderão.

Fontes da Ficção – Agora vamos nos concentrar na Literatura Fantástica Nacional. O que você acha dela? Tem futuro? E os novos autores desse gênero, o que me diz deles?
J. Modesto – Como já disse, o cenário literário nacional está mudando graças a Literatura Fantástica, e o potencial é muito grande. Foi graças a série Harry Potter que os jovens voltaram a ter interesse pela leitura, descobrindo outros universos, tais como Nárnia e Senhor dos Anéis. Tais obras influenciaram muito as mudanças na literatura nacional e uma gama de obras do genero pipocou nas livrarias. Como exemplo podemos citar André Vianco com seus livros de vampiros. Segue-se a isso, AMOR VAMPIRO, que foi um divisor de águas, apresentando ao publico brasileiro outros autores nacionais. A partir daquele momento, o Vianco não estava sozinho e a iniciativa, alem de apresentar outros autores, encorrajou8 aqueles que estavam adormecidos a despertarem. Mas não vamos ser hipócritas em dizer que tudo era ótimo. Tal qual as produções estrangeiras, também temos muita coisa ruim, que com o passar do tempo serão naturalmente descartadas, separando-se o joio do trigo. Somente o que é bom persiste.
Contudo o caminho ainda é longo, o preconceito contra o autor nacional é forte, os autores iniciantes, principalmente em jovens, estão deslumbrados com o “status” de autor e não se preparam como deveriam, demonstrando deficiências de escrita e narrativa, refletindo os problemas por que passa nosso sistema educacional. E como disse o Nelson Magrini numa entrevista ao FONTES, isso não afeta apenas ao jovem autor. Os próprios revisores pecam demais por um domínio deficiente da língua, afetando a cadeia produtiva e que fatalmente compromete o produto final – o livro – contribuindo ainda mais para fortalecer o preconceito de que o que o autor nacional produz não presta.
Concordo com o Nelson quando ele diz que: “Para se resolver o problema de leitura no país, antes de qualquer coisa, é necessário se resolver o problema da educação, prioridade esta que se impõe a qualquer partido político que venha a estar no poder. Sem isso, não teremos leitores, escritores ou qualquer outro profissional ligado às letras com um mínimo de competência”.

Fontes da Ficção – Que outros autores da Literatura Fantástica, tanto nacional como estrangeira, você recomendaria?
J. Modesto– Dos nacionais não posso deixar de indicar André Vianco, autor que bebi da fonte, Nelson Magrini, Leonardo Brum e James Andrade, entre outros tantos. De estrangeiros, meu maior ídolo H. P. Lovecraft, Stephen King, F. Paul Wilson e Clive Barker.

Fontes da FicçãoE com relação ao mercado editorial? Nesse “novo mundo moderno”, digitalizado e virtual, você acredita que o livro convencional estará morto num futuro próximo?
J. Modesto– Acho que não. O livro convencional será um artigo para poucos, tal qual o disco de vinil se tornou depois do advindo do CD. Agora com relação ao livro em si, este nunca morrera. Estará grafado em outras mídias, mas estará sempre ali.

Fontes da Ficção - Você vê a internet e seus novos recursos como uma escolha a mais para publicar?
J. Modesto – Para publicar ainda não. Esse tipo de processo precisa ser aperfeiçoado. Hoje a internet serve de um ótimo meio de divulgação. A internet e seus recursos é um meio para cada profissional e empresa apresente seus produtos e trabalho, interagindo com seus clientes. Com o autor não é diferente.

Fontes da Ficção - Porque o jovem leitor brasileiro deveria ler suas obras?
J. Modesto – Bom... difícil responder sem parecer presunçoso, mas vamos lá. Acho que minhas obras tem tudo que, no meu ponto de vista, o leitor gostaria de encontrar numa obra de ficção fantástica. Antes de me tornar autor, fui, e sou, um voraz leitor. Devoro livro de todos os gêneros, mas devo confessar que leio mais os de Literatura Fantástica. Então acho que conheço um pouquinho sobre  o que o leitor espera. Obviamente, ninguém é unanimidade, então...

Fontes da Ficção – Quais são seus novos projetos?
J. Modesto – Atualmente estou trabalhando numa trilogia que deve ser lançada em 2014, mas já tenho quatro originais prontos, aguardando o momento de sua publicação. Existem duas duas coletâneas que tem minha participação e devem sair até o final do ano. Isso sem contar os vários projetos que tenho a sinopse rabiscada e aguardam serem desenvolvidas. 

Fontes da Ficção - Vamos fazer um pequeno Bate-Volta.
J. Modesto – Manda!

Fontes da Ficção - Tipo de Música Preferida:
J. Modesto – Rock Clássico e Sertanejo
Fontes da Ficção - Melhor Cantor(a) Estrangeiro(a):
J. Modesto – O eterno Rei, Elvis Presley e James Dio. Cantora Tina Turner.
Fontes da Ficção - Melhor Cantor(a) Nacional:
J. Modesto– Cantor não tenho preferidos. Cantora, Elizabeth (Jovem Guarda)
Fontes da Ficção - Melhor Filme Estrangeiro
J. Modesto – Blade Runner.
Fontes da Ficção - Melhor Filme Nacional:
J. Modesto – Tropa de Elite
Fontes da Ficção - Duas Influências Literárias Estrangeiras:
J. Modesto – H. P. Lovecraft, Stephen King e F. Paul Wilson
Fontes da Ficção - Duas Influências Literárias Nacionais:
J. Modesto – André Vianco e José de Alencar
Fontes da Ficção - Comida que mais gosta:
J. Modesto – Frango Assado e Costela Suína
Fontes da Ficção - Carro dos sonhos:
J. Modesto – Atualmente, IX35 automático
Fontes da Ficção - Objetivo na vida:
J. Modesto – Tornar-me um autor de sucesso e viver da literatura.

Fontes da Ficção - Obrigado pela entrevista e fique a vontade para suas palavras finais.
J. Modesto – Obrigado ao novo Fontes da Ficção por esta oportunidade.
Abraço a todos!

Informações Úteis
Contato com o Autor: jmodestoautor@gmail.com

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