A tragédia
Era
uma abafada sexta-feira do dia 01 de fevereiro de 1974, que ficaria marcada
para sempre na vida da metrópole paulistana. Às 08h54 daquela manhã um provável
curto-circuito em uma dos aparelhos de ar condicionado mudaria para sempre a
rotina de centenas de pessoas.
Considerada
uma das construções mais seguras da época, o Edifício Joelma ainda era um jovem
perto da maioria dos prédios da redondeza, erguidos décadas antes. Contudo,
devido a suas linhas modernas e altura imponente, com 25 andares, o Joelma
chamava a atenção desde sua inauguração em 1971. Tão logo foi inaugurado, o
prédio foi alugado para o Banco Crefisul.
Vários
fatores contribuíram para que um pequeno curto-circuito no 12º andar, se
transformasse no estopim para uma das maiores tragédias da cidade. As salas do edifício eram repleta de materiais
inflamáveis, que contribuíram para a propagação do fogo, tais como divisórias,
carpetes, cortinas e móveis de madeira, além dos forros de fibra.
Poucos
minutos após o início do incêndio a fumaça e o calor já tomavam conta do
interior do prédio, impedindo que as pessoas fugissem pelas escadas, uma vez
que as mesmas se localizavam no centro da construção. O Joelma não possui
escadas de incêndio, levando muitas das pessoas a se arriscarem nos elevadores.
Sem
alternativas e dominadas pelo pavor, as pessoas se dividiram. Muitos foram para
o terraço na esperança de um resgate de helicóptero, como acontecera a quase
dois anos antes no incêndio do Edifício Andraus, e outros foram para os
parapeitos das janelas. As pessoas que se dirigiram para o terraço se depararam
com ausência de heliponto, encontrando as telhas da cobertura e muita fumaça. Com
o calor intenso e a falta de alternativa de fuga, pessoas saltaram do prédio,
encontrando a morte certa.
Depois
de aproximadamente uma hora e meia do inicio do incêndio, todo o material
inflamável do prédio já havia sido consumido pelas chamas, e o fogo começou a
ser debelado.
Os
resgates continuariam por mais algumas horas, até que às 13h30 todos os
serviços de socorro e resgate aos sobreviventes foram concluídos. Terminava
assim o mais terrível incêndio da história da Cidade de São Paulo.
Após
o fatídico incêndio o Joelma ficou fechado para reformas e adequações por quatro
anos, sendo reaberto em 1978 com o nome de Edifício Praça da Bandeira. Mas a
história não se encerra apenas nesse episódio. Ele teve consequências no mínimo
estranhas.
As Treze Almas
Um
fato considerado, no mínimo, sobrenatural, foi o caso das Treze Almas. Durante
o incêndio, treze pessoas tentaram escapar por um elevador, mas não
conseguiram. Como consequência, todos morreram carbonizados em seu interior.
Na
época da tragédia não existia a identificação por DNA e os corpos não puderam
ser identificados, sendo todos enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro
(Vila Alpina), em São Paulo.
Certo
dia, o zelador do cemitério ouviu vozes e gemidos e quando foi verificar,
constatou que os mesmos vinham dos túmulos das vitimas do incêndio no Joelma.
Tais sons só eram acalmados quando se jogava água sobre as sepulturas. Tais
fatos deram origem ao mistério das Treze Almas Benditas, sendo atribuído à elas
vários milagres.
O
local atrai centenas de curiosos, principalmente às segundas-feiras, dia das
almas. Ao lado da sepultura, existe hoje uma capela.
O
prédio edifício carrega uma aura de mal assombrado e pessoas que trabalham lá
acreditam que os espíritos das pessoas mortas no incêndio vagueiam por seus
corredores. Muitos evitam ficar no prédio depois que anoitece. Mas a maldição
do local onde está localizado o edifício não veio com o incêndio. Ele já se
manifestava desde muito antes.
O Crime do Poço
Em
1948, o local onde está localizado o Joelma foi palco de um triste
acontecimento. Conhecido como “O Crime do Poço”, o professor de Química Paulo Ferreira
Camargo assassinou a mãe e as duas irmãs, escondendo os corpos dentro de um
poço recém construído no quintal de sua casa.
Depois de várias denuncia
do estranho desaparecimentos das mulheres, o professor suicidou-se no exato
momento em que a policia retirava do poço os corpos das vítimas, pessoas que
ele havia matado há 19 dias.
Após
o fatídico acontecimento os imóveis ficaram vazios até que a área toda foi
demolida para dar lugar ao Joelma.
Obras sobre o Joelma
SOMOS SEIS - Em 1976, o médium brasileira Chico Xavier publicou
o livro Somos
seis. O livro em questão traz seis
histórias, frutos de cartas psicografadas, cujos dois dos signatários seriam
jovens que faleceram durante o incêndio do Edifício Joelma. Os outros quatro
jovens faleceram em outras circunstâncias.
Uma das histórias – a da professora Volquimar
Carvalho dos Santos, 21 anos, que trabalhava no setor de processamento de dados
do Banco Crefisul, no 23º andar do Edifico – é a mais famosa. Funcionária da
empresa há um ano e meio, Volquimar tentou fugir do prédio juntamente com
outros quatro companheiros, correndo para a cobertura, mas morreram asfixiados.
Álvaro, o irmão de Volquimar, trabalhava
no 10º andar do mesmo prédio. E sobreviveu ao incêndio. A família de Volquimar é espírita e, meses
depois, Volquimar enviou uma mensagem psicografada para a mãe através do médium
Chico Xavier. Na mensagem ela contava como tinha sido os seus últimos minutos
de vida. Tal história viria, em 1979, a se transformou no filme “Joelma, 23º
andar”.
JOELMA: 23º ANDAR – Dirigido por Clery
Cunha, o filme baseado no livro SOMOS SEIS, obra psicografada pelo médium Chico
Xavier, foi o primeiro filme brasileiro que abordou a temática espírita e o
único, até o momento, a retratar o tragico incêndio do Edifício Joelma, que
deixou 191 mortos e mais de 300 feridos.
Protagonista, Beth Goular fez o papel de
Volquimar e o roteiro foi baseado nos fatos relatados nas cartas psicografadas
por Chico Xavier, que estão na obra citada.
O ENIGMA DO EDIFÍCIO JOELMA –
LINHA DIRETA MISTÉRIO - Em 2015, o departamento de
Jornalismo da Rede Globo de Televisão levou ao ar o Programa Linha Direta
Mistério, abordando 3 temas envolvendo o chamado “sobrenatural”. Um desses
temas foi o incêndio do Joelma.
Apresentado por Domingos
Meireles, o documentário narra todos os eventos envolvendo o Joelma, desde “O
Crime do Poço”, em 1948, até o mistério das Treze Almas Benditas e pode ser
baixado facilmente na internet.
NOVAS OBRAS ENVOLVENDO O
JOELMA – Com os 40 anos do incêndio
no Joelma, é certo que o assunto virá a tona, quer através de filmes,
reportagens ou livros. E o enigmático edifício certamente é uma fonte
inesgotável para isso, quer na ficção ou reportagens jornalísticas.
A primeira noticia do
que vem por aí vem da literatura fantástica. O autor J. Modesto, conhecido por
sua participação na coletânea AMOR VAMPIRO, após enveredar pela Alemanha do
século 19, onde coloca o famoso filosofo Arthur Schopenhauer frente a frente
com uma discussão filofofica com um vampiro, em sua obra VAMPIRO DE
SCHOPENHAUER, tem como tema em seu proximo livro exatamente o JOELMA. Falaremos
mais sobre ela num momento oportuno. Enquanto isso aguardamos informações sobre
outras noticias envolvendo os 40 anos de uma das maiores tragédias da capital
paulista.
Escrito por: L. H. Hoffmann