segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

JOELMA: 40 ANOS DE UMA TRAGÉDIA

A tragédia 

Era uma abafada sexta-feira do dia 01 de fevereiro de 1974, que ficaria marcada para sempre na vida da metrópole paulistana. Às 08h54 daquela manhã um provável curto-circuito em uma dos aparelhos de ar condicionado mudaria para sempre a rotina de centenas de pessoas.
Considerada uma das construções mais seguras da época, o Edifício Joelma ainda era um jovem perto da maioria dos prédios da redondeza, erguidos décadas antes. Contudo, devido a suas linhas modernas e altura imponente, com 25 andares, o Joelma chamava a atenção desde sua inauguração em 1971. Tão logo foi inaugurado, o prédio foi alugado para o Banco Crefisul.
Vários fatores contribuíram para que um pequeno curto-circuito no 12º andar, se transformasse no estopim para uma das maiores tragédias da cidade.  As salas do edifício eram repleta de materiais inflamáveis, que contribuíram para a propagação do fogo, tais como divisórias, carpetes, cortinas e móveis de madeira, além dos forros de fibra.
Poucos minutos após o início do incêndio a fumaça e o calor já tomavam conta do interior do prédio, impedindo que as pessoas fugissem pelas escadas, uma vez que as mesmas se localizavam no centro da construção. O Joelma não possui escadas de incêndio, levando muitas das pessoas a se arriscarem nos elevadores.

 
Sem alternativas e dominadas pelo pavor, as pessoas se dividiram. Muitos foram para o terraço na esperança de um resgate de helicóptero, como acontecera a quase dois anos antes no incêndio do Edifício Andraus, e outros foram para os parapeitos das janelas. As pessoas que se dirigiram para o terraço se depararam com ausência de heliponto, encontrando as telhas da cobertura e muita fumaça. Com o calor intenso e a falta de alternativa de fuga, pessoas saltaram do prédio, encontrando a morte certa.
Depois de aproximadamente uma hora e meia do inicio do incêndio, todo o material inflamável do prédio já havia sido consumido pelas chamas, e o fogo começou a ser debelado.
Os resgates continuariam por mais algumas horas, até que às 13h30 todos os serviços de socorro e resgate aos sobreviventes foram concluídos. Terminava assim o mais terrível incêndio da história da Cidade de São Paulo.

 
Após o fatídico incêndio o Joelma ficou fechado para reformas e adequações por quatro anos, sendo reaberto em 1978 com o nome de Edifício Praça da Bandeira. Mas a história não se encerra apenas nesse episódio. Ele teve consequências no mínimo estranhas.


As Treze Almas

Um fato considerado, no mínimo, sobrenatural, foi o caso das Treze Almas. Durante o incêndio, treze pessoas tentaram escapar por um elevador, mas não conseguiram. Como consequência, todos morreram carbonizados em seu interior.
Na época da tragédia não existia a identificação por DNA e os corpos não puderam ser identificados, sendo todos enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro (Vila Alpina), em São Paulo.
Certo dia, o zelador do cemitério ouviu vozes e gemidos e quando foi verificar, constatou que os mesmos vinham dos túmulos das vitimas do incêndio no Joelma. Tais sons só eram acalmados quando se jogava água sobre as sepulturas. Tais fatos deram origem ao mistério das Treze Almas Benditas, sendo atribuído à elas vários milagres.

 
O local atrai centenas de curiosos, principalmente às segundas-feiras, dia das almas. Ao lado da sepultura, existe hoje uma capela.
O prédio edifício carrega uma aura de mal assombrado e pessoas que trabalham lá acreditam que os espíritos das pessoas mortas no incêndio vagueiam por seus corredores. Muitos evitam ficar no prédio depois que anoitece. Mas a maldição do local onde está localizado o edifício não veio com o incêndio. Ele já se manifestava desde muito antes.

 

O Crime do Poço
 
Em 1948, o local onde está localizado o Joelma foi palco de um triste acontecimento. Conhecido como “O Crime do Poço”, o professor de Química Paulo Ferreira Camargo assassinou a mãe e as duas irmãs, escondendo os corpos dentro de um poço recém construído no quintal de sua casa.

 
Depois de várias denuncia do estranho desaparecimentos das mulheres, o professor suicidou-se no exato momento em que a policia retirava do poço os corpos das vítimas, pessoas que ele havia matado há 19 dias.
Após o fatídico acontecimento os imóveis ficaram vazios até que a área toda foi demolida para dar lugar ao Joelma.

Obras sobre o Joelma



SOMOS SEIS - Em 1976, o médium brasileira Chico Xavier publicou o livro Somos seis. O livro em questão traz seis histórias, frutos de cartas psicografadas, cujos dois dos signatários seriam jovens que faleceram durante o incêndio do Edifício Joelma. Os outros quatro jovens faleceram em outras circunstâncias.
Uma das histórias – a da professora Volquimar Carvalho dos Santos, 21 anos, que trabalhava no setor de processamento de dados do Banco Crefisul, no 23º andar do Edifico – é a mais famosa. Funcionária da empresa há um ano e meio, Volquimar tentou fugir do prédio juntamente com outros quatro companheiros, correndo para a cobertura, mas morreram asfixiados. Álvaro, o  irmão de Volquimar, trabalhava no 10º andar do mesmo prédio. E sobreviveu ao incêndio.  A família de Volquimar é espírita e, meses depois, Volquimar enviou uma mensagem psicografada para a mãe através do médium Chico Xavier. Na mensagem ela contava como tinha sido os seus últimos minutos de vida. Tal história viria, em 1979, a se transformou no filme “Joelma, 23º andar”.

 
 JOELMA: 23º ANDAR – Dirigido por Clery Cunha, o filme baseado no livro SOMOS SEIS, obra psicografada pelo médium Chico Xavier, foi o primeiro filme brasileiro que abordou a temática espírita e o único, até o momento, a retratar o tragico incêndio do Edifício Joelma, que deixou 191 mortos e mais de 300 feridos.

 
Protagonista, Beth Goular fez o papel de Volquimar e o roteiro foi baseado nos fatos relatados nas cartas psicografadas por Chico Xavier, que estão na obra citada.

 
O ENIGMA DO EDIFÍCIO JOELMA – LINHA DIRETA MISTÉRIO - Em 2015, o departamento de Jornalismo da Rede Globo de Televisão levou ao ar o Programa Linha Direta Mistério, abordando 3 temas envolvendo o chamado “sobrenatural”. Um desses temas foi o incêndio do Joelma.
 Apresentado por Domingos Meireles, o documentário narra todos os eventos envolvendo o Joelma, desde “O Crime do Poço”, em 1948, até o mistério das Treze Almas Benditas e pode ser baixado facilmente na internet. 

 
NOVAS OBRAS ENVOLVENDO O JOELMA – Com os 40 anos do incêndio no Joelma, é certo que o assunto virá a tona, quer através de filmes, reportagens ou livros. E o enigmático edifício certamente é uma fonte inesgotável para isso, quer na ficção ou reportagens jornalísticas.
            A primeira noticia do que vem por aí vem da literatura fantástica. O autor J. Modesto, conhecido por sua participação na coletânea AMOR VAMPIRO, após enveredar pela Alemanha do século 19, onde coloca o famoso filosofo Arthur Schopenhauer frente a frente com uma discussão filofofica com um vampiro, em sua obra VAMPIRO DE SCHOPENHAUER, tem como tema em seu proximo livro exatamente o JOELMA. Falaremos mais sobre ela num momento oportuno. Enquanto isso aguardamos informações sobre outras noticias envolvendo os 40 anos de uma das maiores tragédias da capital paulista. 

Escrito por: L. H. Hoffmann

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