segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

VOCÊ QUER SER ESCRITOR? - Parte 1

 
SETE REGRAS IMPORTANTES.
Por James Andrade.  

           Escrever uma história despretensiosa é fácil, qualquer pessoa pode escrever um conto ou texto, mas um romance de boa qualidade é outra coisa. Fazendo uma analogia com uma receita de bolo, podemos dizer que o texto sem compromisso é a própria receita, com relatos básicos e necessários para se entender o recado a ser dado. Já um romance vai além do simples relato. Ele tem um “plus” necessário, que trás o leitor para dentro da estória, fazendo-o viver o personagem e compartilhar suas tristezas e alegrias. Então aqui vai algumas regras básicas para buscar esse “plus”, mas lembrem-se: elas são ALGUMAS regras básicas, não se fechando em si. Vocês, com o decorrer do tempo e depois de escrever muito, acabaram também incorporando regras próprias em seus textos. Agora vamos lá.  

1. Utilize como base histórias e fatos reais do dia a dia. 

          Uma coisa é certa: nenhuma história a ser escrita surge do nada. Elas começam com algum fato vivido pelo autor, fatos históricos que ele deseja contar ou recontar, experiências profissionais ou pessoais, bem como do seu cotidiano. Uma boa fonte de idéias para suas histórias é a observação de tudo que acontece ao seu redor. Um noticiário na TV falando de um acidente pode muito bem servir para o prólogo de seu futuro livro ou fazer parte de um dos capítulos. Até os livros de Literatura Fantástica (Terror, Fantasia e Ficção Científica) estão calcados na realidade, apesar de as vezes ser difícil vislumbrá-la. Você lembra da série clássica de Star Trek, onde todos os tripulantes de Enterprise utilizam seus “comunicadores”? Pois bem, guardadas as devidas proporções, eles nada mais são do que os nossos atuais celulares. Os roteiristas da série, baseados na ciência e suas possibilidades da época, anteviram a criação dos celulares, e o que é mais incrível, sem precisar consultar a mãe Diná.
O enredo de seu romance deve partir de suas observações.  


2. Qual o Gênero e Tema? 

           Outros dois itens importantes a ser definidos quando você descobrir o “start” de seu enredo é em que tipo de Gênero e qual o Tema a ser utilizado. Hoje em dia temos vários tipos de gêneros, dentre eles alguns que se confundem, mas vamos nos focar na divisão clássica para não nos confundir. Quando você estiver mais experiente com seus escritos, automaticamente irá conhecer e se familiarizar com as outras classificações. Vamos nos ater nos seguintes gêneros: 

Terror - ou Horror como classificam alguns – é caracterizado pela presença do elemento macabro, tendo como alvo principal o medo. 

Fantasia - é um gênero que geralmente não se utiliza de temas científicos ou macabros, fazendo de sua temática a magia e outras formas sobrenaturais. 

Ficção Científica - é uma forma de ficção desenvolvida no século XIX, que lida principalmente com o impacto da ciência, tanto verdadeira como imaginária, sobre a sociedade ou os indivíduos.

Romance – é um gênero que normalmente não apresenta fatos fantásticos ou sobrenaturais, mas se centra no lado emocional, tendo como tema principal o Amor. Os romances com finais trágicos também são classificados como Drama. Nesse tipo de gênero, temos diversas subcategorias, tais como policial, mediúnico, psicológico, etc. Não confundir o gênero Romance com a outra classificação literária em que Romance configura como sinônimo de Crônica.  

Baseado nos gêneros acima, temos nossa segunda decisão a ser tomada (a primeira foi a de escrever o livro). Em qual tipo de gênero irei contar minha estória. Lembre-se que essa escolha irá lhe sujeitar a regras pertinentes a cada gênero literário. É bem verdade que existe uma flexibilidade, mas todos os ingredientes devem estar ali. Não se pode fazer um bolo utilizando uma receita de pastel.
            O Tema também é um item importante. Cuidado para não confundir Gênero com Tema. O Tema é o “assunto” a ser tratado. Num Gênero Literário podem existir vários temas. Fazendo mais uma analogia, o tema seria a bussola que irá guiá-lo no desenvolvimento de sua estória, dando diretrizes para que você não fuja de seu objetivo, mantendo, assim, uma boa conexão com o público alvo de seu livro.  

3. Publico Alvo 

As obras de sucesso são aquelas que mantêm uma relação direta com o publico a que se destinam. Por isso você deve conhecer bem o leitor a que seu romance se destina. Não adiantará nada você escrever um tratado avançado de química para um garoto de sete anos. Foque o livro no publico a que melhor ele se identifique. A utilização de uma história real como pano de fundo pode ajudar. Uma outra forma de se conectar é conhecer as obras literárias semelhantes disponíveis no mercado. Lembre-se, um bom escritor, primeiramente deve ser um excelente leitor.
Pesquise no mercado quais são as historias estão fazem sucesso, lendo-as de preferência, e analise o porquê se destacam. Incorpore os pontos fortes ao seu texto, mas cuidado: JAMAIS use o “Copy-Cola”. Plágio não é algo bom. Não copie, melhore.  

4. O ambiente 

Conhecendo o gênero literário e o seu público alvo, o próximo passo é a escolha do ambiente onde a estória acontecerá. Cidades românticas, lugares inusitados, outros planetas, com sua tecnologia, fauna e flora próprias, passado, presente ou futuro, tudo isso faz parte do ambiente a ser construído, levando em conta as decisões anteriores no que se concerne ao Gênero, Tema e Publico Alvo.
Um ambiente favorável com personagens que se enquadram naquele ambiente são boas formas de se ter uma obra romance de sucesso. Podemos escolher uma colônia em Marte como o ambiente para o livro, mas lembre-se de que, como num filme, você vai ter que realizar uma “pré-produção”, desenvolvendo todo este ambiente: habitantes, tecnologia, cidades, fauna, flora, etc. Leve sempre em conta que o objetivo primeiro é que o ambiente e a situação dos personagens fiquem intimamente ligados ao leitor final.  

5. Personagens. 

Os personagens é que farão o leitor se identificar com a história, pois será através deles e de suas atitudes – combinadas com o ambiente – que ele terá a sensação de que a estória narrada poderia realmente acontecer, por mais absurda que possa ser. Construir bons personagens é algo complexo e difícil, mas essencial para cativar o público.
Um bom personagem, independente de seu papel na trama, deve possuir características que digam ao leitor pra que ele veio. Mesmo os figurantes, que são descritos de forma superficial, também devem ser tratados com cuidado. Lembre-se que o publico é formado por pessoas de diversos níveis de conhecimento, posição social, e crenças religiosas, tendo apenas como ponto em comum o gosto pelo tipo de literatura que você está escrevendo, então respeite a todos sem exceção, mas cuidado, não menospreze a inteligência de seus leitores. Os personagens devem ser críveis e não super gênios, que tem que explicar tudo o que fazem, ou idiotas completos, que não sabem de nada. A menos que você tenha uma boa explicação para o fato de um estudante de universidade ser um super gênio da computação e falar fluentemente Greco, latim e turco, não caia nesse erro. Um estudante universitário deve ser um estudante universitário.
A criação de um personagem não precisa seguir regras rígidas, mas o resultado, como já disse, deve ser crível.  

6. Tensão e Suspense. 

Todo bom romance deve possuir uma grau de tensão e suspense espalhado por todo o texto. Uma boa técnica é a de criar momentos de suspense em determinadas situações da trama, aumentando a tensão e reforçando o interesse do leitor em continuar adiante.
Planeje com cuidado tais momentos, pois eles são a chave na conquista ou não do leitor. Um editor, ao selecionar um original de um livro para ser publicado ou não, normalmente lê somente o primeiro capitulo. Se o texto lhe chamar a atenção, tem chances de ser publicado, caso contrario, mesmo que ele seja uma obra maravilhosa depois do terceiro capitulo em diante, perdeu sua vez. O mesmo acontece com o leitor. Seu interesse na história deve ser renovado constantemente para que ele continue acompanhando a narrativa até o seu final.  

7. Final 

Você irá, vez ou outra, ouvir que um final feliz é a melhor coisa. Que toda história deve terminar com o “viveram felizes para sempre”, mas isso não é verdade. O que seria do Drama se toda história terminasse com um final feliz? Certamente Romeu & Julieta não existiria.
Não há uma regra precisa para o encerramento de uma história, uma vez que ela não termina. Uma obra literária apenas narra um trecho de uma história maior. Certamente ocorreram fatos antes e depois do trecho narrado pelo autor. O que você acha que aconteceu com a Cinderela depois que casou com o príncipe? Eles não tiveram problemas? Não tiveram filhos? É obvio que sim, mas o autor resolveu dar um “final romântico” a história, respeitando o seu publico alvo, ou seja, o infantil.
Autores como H. P. Lovecraft optam por finais mais realistas e bem menos felizes. Nas historias de Terror de Lovecraft, seus protagonistas geralmente tem fins trágicos, obedecendo à coerência com o enredo desenvolvido.
No desfecho de sua narrativa, tudo é permitido, mas lembre-se, feche todas as pontas soltas do texto ou deixe uma explicação implícita para aquelas que não foram fechadas de forma proposital. Acrescente-se a isso um elemento que mantenha o interesse do leitor em buscar novas obras de sua autoria, não sendo necessariamente uma indicação de continuidade da história em outras obras.
_________
JAMES ANDRADE - nasceu em 1967, na cidade de Aparecida d´Oeste, no Paraná. Professor e Historiador, foi colaborador da revista Leituras da História. É autor da obra GETSÊMANI – A VERDADE OCULTA. Atualmente trabalha na finalização de seu segundo romance: SETE PORTAIS.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário