SETE REGRAS IMPORTANTES.
Por James Andrade.
Escrever
uma história despretensiosa é fácil, qualquer pessoa pode escrever um conto ou
texto, mas um romance de boa qualidade é outra coisa. Fazendo uma analogia com
uma receita de bolo, podemos dizer que o texto sem compromisso é a própria
receita, com relatos básicos e necessários para se entender o recado a ser
dado. Já um romance vai além do simples relato. Ele tem um “plus” necessário, que trás o leitor para
dentro da estória, fazendo-o viver o personagem e compartilhar suas tristezas e
alegrias. Então aqui vai algumas regras básicas para buscar esse “plus”,
mas lembrem-se: elas são ALGUMAS regras básicas, não se fechando em si. Vocês,
com o decorrer do tempo e depois de escrever muito, acabaram também
incorporando regras próprias em seus textos. Agora vamos lá.
1. Utilize como
base histórias e fatos reais do dia a dia.
Uma
coisa é certa: nenhuma história a ser escrita surge do nada. Elas começam com
algum fato vivido pelo autor, fatos históricos que ele deseja contar ou
recontar, experiências profissionais ou pessoais, bem como do seu cotidiano.
Uma boa fonte de idéias para suas histórias é a observação de tudo que acontece
ao seu redor. Um noticiário na TV falando de um acidente pode muito bem servir
para o prólogo de seu futuro livro ou fazer parte de um dos capítulos. Até os
livros de Literatura Fantástica (Terror, Fantasia e Ficção Científica) estão
calcados na realidade, apesar de as vezes ser difícil vislumbrá-la. Você lembra
da série clássica de Star Trek, onde todos os tripulantes de Enterprise
utilizam seus “comunicadores”? Pois bem, guardadas as devidas proporções, eles
nada mais são do que os nossos atuais celulares. Os roteiristas da série,
baseados na ciência e suas possibilidades da época, anteviram a criação dos
celulares, e o que é mais incrível, sem precisar consultar a mãe Diná.
O enredo de seu romance deve partir de suas observações.
2. Qual o Gênero e
Tema?
Outros dois itens importantes a ser definidos quando você descobrir o “start”
de seu enredo é em que tipo de Gênero e qual o Tema a ser utilizado. Hoje em
dia temos vários tipos de gêneros, dentre eles alguns que se confundem, mas
vamos nos focar na divisão clássica para não nos confundir. Quando você estiver
mais experiente com seus escritos, automaticamente irá conhecer e se
familiarizar com as outras classificações. Vamos nos ater nos seguintes
gêneros:
Terror - ou
Horror como classificam alguns – é caracterizado pela presença do elemento
macabro, tendo como alvo principal o medo.
Fantasia
- é um gênero que geralmente não se utiliza de temas científicos ou
macabros, fazendo de sua temática a magia e outras formas sobrenaturais.
Ficção Científica
- é uma forma de ficção desenvolvida no século XIX, que lida principalmente com
o impacto da ciência, tanto verdadeira como imaginária, sobre a sociedade ou os
indivíduos.
Romance
– é um gênero que normalmente não apresenta fatos fantásticos ou sobrenaturais,
mas se centra no lado emocional, tendo como tema principal o Amor. Os romances
com finais trágicos também são classificados como Drama. Nesse tipo de gênero,
temos diversas subcategorias, tais como policial, mediúnico, psicológico, etc.
Não confundir o gênero Romance com a outra classificação literária em que
Romance configura como sinônimo de Crônica.
Baseado nos gêneros acima, temos nossa segunda decisão a ser tomada (a
primeira foi a de escrever o livro). Em qual tipo de gênero irei contar minha
estória. Lembre-se que essa escolha irá lhe sujeitar a regras pertinentes a
cada gênero literário. É bem verdade que existe uma flexibilidade, mas todos os
ingredientes devem estar ali. Não se pode fazer um bolo utilizando uma receita
de pastel.
O Tema também é um item importante. Cuidado para não confundir Gênero com
Tema. O Tema é o “assunto” a ser tratado. Num Gênero Literário podem existir
vários temas. Fazendo mais uma analogia, o tema seria a bussola que irá guiá-lo
no desenvolvimento de sua estória, dando diretrizes para que você não fuja de
seu objetivo, mantendo, assim, uma boa conexão com o público alvo de seu
livro.
3. Publico Alvo
As obras de sucesso são aquelas que mantêm uma relação direta com o
publico a que se destinam. Por isso você deve conhecer bem o leitor a que seu
romance se destina. Não adiantará nada você escrever um tratado avançado de
química para um garoto de sete anos. Foque o livro no publico a que melhor ele
se identifique. A utilização de uma história real como pano de fundo pode
ajudar. Uma outra forma de se conectar é conhecer as obras literárias
semelhantes disponíveis no mercado. Lembre-se, um bom escritor, primeiramente
deve ser um excelente leitor.
Pesquise no mercado quais são as historias estão fazem sucesso, lendo-as
de preferência, e analise o porquê se destacam. Incorpore os pontos fortes ao
seu texto, mas cuidado: JAMAIS use o “Copy-Cola”. Plágio não é algo bom. Não
copie, melhore.
4. O ambiente
Conhecendo o gênero literário e o seu público alvo, o próximo passo é a
escolha do ambiente onde a estória acontecerá. Cidades românticas, lugares
inusitados, outros planetas, com sua tecnologia, fauna e flora próprias,
passado, presente ou futuro, tudo isso faz parte do ambiente a ser construído,
levando em conta as decisões anteriores no que se concerne ao Gênero, Tema e
Publico Alvo.
Um ambiente favorável com personagens que se enquadram naquele ambiente
são boas formas de se ter uma obra romance de sucesso. Podemos escolher uma
colônia em Marte como o ambiente para o livro, mas lembre-se de que, como num
filme, você vai ter que realizar uma “pré-produção”, desenvolvendo todo este
ambiente: habitantes, tecnologia, cidades, fauna, flora, etc. Leve sempre em
conta que o objetivo primeiro é que o ambiente e a situação dos personagens
fiquem intimamente ligados ao leitor final.
5. Personagens.
Os personagens é que farão o leitor se identificar com a história, pois
será através deles e de suas atitudes – combinadas com o ambiente – que ele
terá a sensação de que a estória narrada poderia realmente acontecer, por mais
absurda que possa ser. Construir bons personagens é algo complexo e difícil,
mas essencial para cativar o público.
Um bom personagem, independente de seu papel na trama, deve possuir
características que digam ao leitor pra que ele veio. Mesmo os figurantes, que
são descritos de forma superficial, também devem ser tratados com cuidado.
Lembre-se que o publico é formado por pessoas de diversos níveis de
conhecimento, posição social, e crenças religiosas, tendo apenas como ponto em
comum o gosto pelo tipo de literatura que você está escrevendo, então respeite
a todos sem exceção, mas cuidado, não menospreze a inteligência de seus
leitores. Os personagens devem ser críveis e não super gênios, que tem que
explicar tudo o que fazem, ou idiotas completos, que não sabem de nada. A menos
que você tenha uma boa explicação para o fato de um estudante de universidade
ser um super gênio da computação e falar fluentemente Greco, latim e turco, não
caia nesse erro. Um estudante universitário deve ser um estudante
universitário.
A criação de um personagem não precisa seguir regras rígidas, mas o
resultado, como já disse, deve ser crível.
6. Tensão e
Suspense.
Todo bom romance deve possuir uma grau de tensão e suspense espalhado
por todo o texto. Uma boa técnica é a de criar momentos de suspense em
determinadas situações da trama, aumentando a tensão e reforçando o interesse
do leitor em continuar adiante.
Planeje com cuidado tais momentos, pois eles são a chave na conquista ou
não do leitor. Um editor, ao selecionar um original de um livro para ser
publicado ou não, normalmente lê somente o primeiro capitulo. Se o texto lhe
chamar a atenção, tem chances de ser publicado, caso contrario, mesmo que ele
seja uma obra maravilhosa depois do terceiro capitulo em diante, perdeu sua
vez. O mesmo acontece com o leitor. Seu interesse na história deve ser renovado
constantemente para que ele continue acompanhando a narrativa até o seu
final.
7. Final
Você irá, vez ou outra, ouvir que um final feliz é a melhor coisa. Que
toda história deve terminar com o “viveram felizes para sempre”, mas isso não é
verdade. O que seria do Drama se toda história terminasse com um final feliz? Certamente
Romeu & Julieta não existiria.
Não há uma regra precisa para o encerramento de uma história, uma vez
que ela não termina. Uma obra literária apenas narra um trecho de uma história
maior. Certamente ocorreram fatos antes e depois do trecho narrado pelo autor.
O que você acha que aconteceu com a Cinderela depois que casou com o príncipe?
Eles não tiveram problemas? Não tiveram filhos? É obvio que sim, mas o autor
resolveu dar um “final romântico” a história, respeitando o seu publico alvo,
ou seja, o infantil.
Autores como H. P. Lovecraft optam por finais mais realistas e bem menos
felizes. Nas historias de Terror de Lovecraft, seus protagonistas geralmente
tem fins trágicos, obedecendo à coerência com o enredo desenvolvido.
No desfecho de sua narrativa, tudo é permitido, mas lembre-se, feche
todas as pontas soltas do texto ou deixe uma explicação implícita para aquelas
que não foram fechadas de forma proposital. Acrescente-se a isso um elemento
que mantenha o interesse do leitor em buscar novas obras de sua autoria, não
sendo necessariamente uma indicação de continuidade da história em outras
obras.
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JAMES ANDRADE - nasceu em 1967, na cidade
de Aparecida d´Oeste, no Paraná. Professor e Historiador, foi colaborador da
revista Leituras da História. É autor da obra GETSÊMANI – A VERDADE OCULTA. Atualmente trabalha na finalização de seu
segundo romance: SETE PORTAIS.
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