Na semana em que ocorrem atos terroristas em
Paris, onde homens encapuzados atacaram o jornal satírico Charlie Hebdo, com (fuzis) Kalashnikovs e 20 pessoas ficam feridas,
recebemos a notícia de que um livro de “ficção”, que trata do assunto e causa
polêmica naquele país, será lançado no Brasil pela editora Alfaguara, com o
título Submissão.
Submissão, o mais novo livro
do francês Michel Houellebecq vem causando furor na França desde o final da
semana. A obra tem como pano de fundo um França comandada, num futuro muito próximo,
por um partido mulçumano.
O livro começou a ser vendido ontem (08/01/2015), nas
livrarias francesas, ao mesmo tempo em que a edição semanal do Charlie Hebdo, o mesmo jornal atacado
pelos terroristas, chegava às bancas, tendo na capa uma charge sobre o
controverso escritor e seu lançamento polêmico.
A ficção se passa no ano de 2022 e, para
combater a Frente Nacional, de extrema direita, dois partidos tradicionais, o
Partido Socialista e a conservadora UMP, se juntam na criação de um partido
mulçumano e seu líder, o fictício Mohamed Bem Abbes, se tornará o presidente da
República. Esse é basicamente o enredo do romance que tem como protagonista um
professor de literatura.
Por causa de Soumission, Houellebecq foi acusado de islamofóbico e de racista. Em
entrevista, disse não conhecer romance algum que tenha mudado o rumo da
história, que ele não estava tomando partido e que é pouco factível que o que
imaginou se torne realidade – embora acredite no triunfo de Marine Le Pen em
2017. O jornal de esquerda Libération
disse que ele dava respaldo intelectual à Frente Nacional e seu discurso sobre
imigração.
Houellebecq, que anos atrás chegou a chamar o
islamismo de “babaca”, comentou ter mudado de ideia após ler o alcorão. À agência
EFE, ele disse que “a conclusão mais evidente é que os jihadistas são maus
muçulmanos” e que “em principio, a guerra santa não esta autorizada. Só é
válida a pregação”.
Autor de O
Mapa e o Território (Record), vencedor , em 2010, do Prêmio Goncourt, e Extensão
do Domínio da Luta (Sulina), entre outros, o francês quase veio ao Brasil
duas vezes para participar da Festa Literária
Internacional de Paraty- FLIP, mas nas duas vezes cancelou a viagem.
Fonte:
Jornal “O Estado de São Paulo (09/01/15)
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