Com
um leve movimento, o Guerreiro fez seu caça estelar virar para a
esquerda, logo após deixar o hangar do imenso Cruzador, mergulhando na
batalha que se desenrolava no espaço. Imediatamente, o planeta Centurião
IV surgiu em seu campo de visão com toda a sua exuberância, enquanto
sucessivas explosões aconteciam ao seu redor. A contenda pelo domínio
daquele sistema planetário estava se mostrando extremamente difícil,
pois os adversários da Federação de Planetas Unidos eram habilidosos e
muito astutos. Nenhum humano jamais vira um Cencconiano, nome dado a
raça alienígena que agora combatia.
Com
movimentos rápidos e precisos, o Guerreiro abateu várias naves
inimigas, mas parecia não surtir efeito, pois, para cada nave que era
destruída, tinha a impressão de que outras duas surgiam. De repente uma
voz conhecida surgiu no seu comunicador, informando que um caça inimigo
estava em seu encalço, o que o preveniu do ataque iminente, ajudando-o a
desviar-se do raio destruidor. Com uma manobra surpreendente e
circular, posicionou-se atrás do inimigo, pulverizando-o.
Mal
havia se livrado de seu oponente quando algo explodiu do seu lado
direito e seu caça estelar começou a agir de forma descontrolada. Fora
atingido na asa e os propulsores direcionais, daquela região,
responsáveis pela dirigibilidade da nave, haviam sido destruídos.
Segurando os controles com força e tentando manter-se calmo, analisou
rapidamente sua situação. Teria que pousar ou não duraria muito tempo
naquele inferno bélico. Se com um caça em boas condições já era difícil
combater os Cencconianos, seria praticamente impossível sobreviver
naquelas condições. Verificou suas opções e, de imediato descartou o
retorno ao hangar do Cruzador, pois, naquele momento, ocorria confrontos
no espaço entre ele e a astronave. Sua única saída era rumar para o
planeta à sua frente e tentar um pouso forçado. Apertou alguns botões no
seu painel de instrumentos e as informações visuais surgiram num
pequeno holograma, enquanto uma voz mecanizada invadia a cabine,
passando-lhe todos os dados conhecidos sobre Centurião IV.
Apesar
de ser um planeta inóspito e de paisagens desérticas, sua atmosfera era
composta basicamente de oxigênio, respirável para os humanos. Sem
pensar mais, tomou sua decisão, afinal, dos males o menor.
Com
grande dificuldade posicionou o Caça em direção ao planeta vermelho
quando um disparo inimigo passou próximo do bico frontal de sua nave.
Sua situação acabara de piorar. Era um caça inimigo que vinha em sua
direção. Mais um disparo e certamente seria transformado em “poeira
cósmica”. Ele não era propenso a rezar, mas naquele momento, a única
coisa que poderia salvá-lo era um milagre e ele não hesitou.
De
súbito, uma voz amiga surgiu em seu comunicador anunciando a presença
de um companheiro, que vinha em seu socorro. Com disparos precisos, o
amigo atingiu a nave adversária, causando-lhe danos consideráveis.
Comunicando-se com o outro caça, o guerreiro preparava-se para agradecer
a ajuda quando o caça Cencconiano, mesmo gravemente atingido, disparou,
atingindo seu adversário que explodiu. Era impressionante como aqueles
malditos alienígenas continuavam lutando, mesmo quando as chances de
vitória eram praticamente nulas.
Acionando
seus propulsores restantes, o Guerreiro partiu o mais rápido que pode
em direção ao Centurião IV, mas não antes de verificar que o caça
inimigo o seguia, também com dificuldades. Fazendo manobras evasivas, na
tentativa de dificultar a pontaria Cencconiana, o Guerreiro ganhou
distância e penetrou na atmosfera do planeta vermelho.
Fazendo
uma varredura, verificou que a superfície era irregular, composta
basicamente de montanhas rochosas e desertos áridos. Rapidamente
localizou uma pequena planície, suficiente para o pouso de emergência, e
aproximou-se com dificuldade, lutando para controlar o caça. Pouco
antes de tocar o solo, levantou o bico frontal da nave preparando-se
para pousar de barriga uma vez que os trens de aterrisagem eram
projetados para descidas verticais, o que se tornava impossível com os
propulsores direcionais inoperantes de um dos lados. Os segundos que
antecederam ao pouso pareceram uma eternidade até que a fuselagem do
caça tocou o solo alienígena e ele deslizou por vários metros, em meio
ao caos que se formou.
Gradativamente,
os acontecimentos e sons a sua volta foram se amenizando até que o
silêncio se fez presente. Diminuindo a tensão com que se agarrava aos
controles, agora inúteis, o Guerreiro Estelar respirou fundo e relaxou.
Momentos depois, já se encontrava fora da espaçonave, procurando
reconhecer o território e analisar suas chances de sobrevivência naquele
mundo hostil. Vasculhando visualmente o horizonte ao seu redor, avistou
um rastro de fumaça negra que cortava o céu, indo cair por detrás de um
conjunto de montanhas rochosas. Foi neste momento que ele lembrou-se do
caça inimigo. Muito provavelmente o Cencconiano tivera o mesmo destino
que o seu. Imediatamente, sua preocupação com a subsistência
desapareceu, cedendo lugar à necessidade de combater o inimigo
Cencconiano.
Entrando,
novamente, no caça, apanhou sua arma e partiu em direção ao local onde
supostamente a nave havia caído. Em pouco menos de uma hora de
caminhada, o Guerreiro Estelar chegava a um elevado rochoso de onde
podia avistar claramente o transporte alienígena, gravemente danificado.
Aproximando-se com cautela, penetrou nos destroços, chegando a cabine
de controle onde, admirado, avistou o corpo, sem vida, de um
Cencconiano. Era alto tão medonho que, no primeiro momento, ele recuou.
Todavia, o fato de estar armado e do inimigo, aparentemente, estar
morto, deu-lhe mais coragem para se aproximar. Foi neste instante que
percebeu um outro espaço, semelhante ao qual se encontrava o alienígena
morto, vazio.
“Existe outro!”, foi o pensamento que lhe invadiu. “Os caças Cencconianos são tripulados por dois!”
Nem
bem o Guerreiro Estelar percebera sua real situação, uma dor
dilacerante atingiu-o nas costas. O ar lhe faltou e, saindo de seu
abdômen, pode visualizar um imenso tentáculo movendo-se. Imediatamente
reconheceu aquilo que lhe transpassara como sendo um dos estranhos
braços pertencente ao inimigo. Sua visão começou a escurecer rapidamente
enquanto seus ouvidos captaram a respiração pesada e ritmada vinda de
algum ponto atrás de si.
– Droga, Seu Manoel! Me dá outra ficha que perdi de novo! – disse o garoto largando o Joystick.
fim
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